sábado, 20 de março de 2010

Um conto de bons amores em maus tempos.



Era uma tarde de céu nublado... o que já não é novidade, já que há mais de um mês tudo que se vê por aqui são nuvens pesadas, o tempo fechado e, claro: chuva. Muita chuva! Mas aquele dia - especialmente aquele dia - foi diferente. Talvez porque a minha TPM tivesse ido embora e, consequentemente, o meu mau humor e a minha cara fechada tivessem, finalmente, deixado-me em paz. Não. Não era isso. Como eu posso querer me enganar desta maneira? Como eu posso querer fazer com que os meus olhos exerguem o que, na verdade, EU não quero enxergar? Como eu posso, com tamanho egoísmo, querer exigir que o meu coração não sinta o que, de fato, ELE quer sentir? Como eu posso, com toda esta audácia, tentar desviar meus pensamentos, enganando-os como político em período eleitoral? Se eu continuar nesta sequência lógica, vou colecionar inúmeros "Como eu posso?", sem obter o que eu mais preciso e o que mais me é necessário compreender: o amor. Eu não sei, no entanto, se é isso que chamam de amor. Esta coisa estranha, que faz as pernas tremerem, o coração bater mais forte, as mãos suarem e o corpo entrar em festa (ou seria em pânico?), como se os seus órgãos se entrelaçassem e confundissem os seus lugares de origem umas cem vezes, ficando num vai-e-vem sem fim; e isso tudo em menos de 30 segundos. Sim. É só o tempo de você colocar o olho naquela pessoa. É isso! É isso que vem acontecendo comigo há pouco mais de um mês. Aliás, peguei-me com estes sintomas desde o dia em que caiu a primeira chuva, que originou estes consecutivos dias cinzentos. Desde lá isso não tem me deixado em paz. Toda manhã eu sinto todos os sintomas se repetirem. Eles já fazem parte da minha rotina black and white. Sempre que estou chegando à escola, geralmente às 07:15 da manhã, pedalando incansavelmente na minha inconfundível bicicleta azul, eu o vejo. Eu o vejo parado no primeiro portão de entrada. É como se ele estivesse me esperando. É isso que eu sempre penso. Mas que bobagem a minha... claro que não é por mim que ele espera. Ele nem ao menos sabe o meu nome! Mas naquele dia ele estava me olhando, eu juro. Naquele dia, como não de costume, cheguei atrasada, debaixo de uma chuva, acompanhada de muitos trovões e relâmpagos. Eu estava tão entretida com tamanho medo que me dominava - sim, eu odeio trovões e relâmpagos! -, que nem havia percebido a presença daquele ser misterioso e encantador, ali, no primeiro portão de entrada, como sempre. Todos ja haviam entrado. Por que, então, ele continuara naquele local? Por minha causa? Não, não pode ser! Ele é tão lindo, tão inteligente, tão sagaz... nunca se interessaria por mim! Mas, sim, ele parecia interessado. Aqueles olhos castanhos fumegantes, aquela pupila dilatada corrente em minha direção... ainda desviei o olhar sorrateiramente, para confirmar se não havia ninguém por perto. E, de fato, não havia. Então... sim! Eu pude confirmar: isso, definitivamente, não era coisa da minha cabeça.
Desde aquele dia venho refutando minhas idéias, meus pensamentos, meu sentimento e a minha reação diante daquele ser. Nunca amei e, confesso: tenho medo disso. E é por isso que venho relutando em aceitá-lo. Mas sempre ouvi dizer que "o que for pra ser, será", então, por que não?! Resolvi dar um tempo em toda esta angústia - que me dominava até então, por não saber o que fazer. Decidi que, a partir de hoje, meus dias cinzentos continuarão cinzentos diante dos meus olhos, mas aqui dentro, AQUI, onde bate uma coisa vermelha e estranha, tudo vai começar a se colorir...

10 comentários:

  1. "Decidi que, a partir de hoje, meus dias cinzentos continuarão cinzentos diante dos meus olhos, mas aqui dentro, AQUI, onde bate uma coisa vermelha e estranha, tudo vai começar a se colorir... "

    Adorei! Como todos os teus textos.
    É como ter uma parte de mim em mcp, temos gostos parecidíssimos!
    E eu curto muito isso! hehe

    Kss

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  2. Looo, adoreeei o texto *.*
    Delicado, sensível, mas
    tão profissional ! tens futuro :)
    Parabéns pelo blog,
    entrarei aqui seeeempre ;*

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  3. Ficou bem parecido com um capítulo de livro mesmo! É meio diferente do que costumas escrever, mas ficou bem legal também! Já te disse que és tu quem vai sustentar a família, né? ;*

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  4. Minha Lolo
    Realmente o amor quando chega vem acompanhado do medo de não saber lidar com o turbilhão de emoções que ele provoca, mas quando o coração acalma, começamos a experimentar a mais gostosa sensação que existe.
    Seu texto está ótimo! Bjs

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  5. Lorranaaa os textos sao todos de tua autoria? Muito muito muito bons! bem que me lembro que sempre tiravas notas maximas nas redaçoes do podium ^^

    Esse texto eu adorei, decidi colorir meus dias assim como descrito lá dia 01/01/2010 ! (#

    beijão!

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  6. amei Lo, muuuito lindo! me ensina a escrever assim?! aauahau
    beijooos

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  7. Adoreeei o texto... Você escreve maravilhosamente bem!

    Vou seguir teu blog :)

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  8. E o livro, quando sai? :D



    Sério.. não sabia que escrevias tão bem assim. hehe ;*

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  9. aaaah, o amor é lindo.
    pena que beleza não é meu forte u.u

    já sabes que tens uma seguidora, não? (; HAHA'
    alguém que escreve assim não pode ficar fora da minha lista de blogs que visito (x

    A-D-O-R-E-I.

    e ah, eu quero saber o final dessa história, viu? HAHA'

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  10. Esta coisa estranha, que faz as pernas tremerem, o coração bater mais forte, as mãos suarem e o corpo entrar em festa (ou seria em pânico?), como se os seus órgãos se entrelaçassem e confundissem os seus lugares de origem umas cem vezes, ficando num vai-e-vem sem fim; e isso tudo em menos de 30 segundos. Sim. É só o tempo de você colocar o olho naquela pessoa. É isso!

    concordo plenamente com voce..Escreves muito bem lo, parabeens, amei seu texto.ainda mais esse trecho =)

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